sábado, 2 de janeiro de 2010

Serás o que és?


Não percebo, não sei porque não sinto por ti, o mesmo que sinto pelo resto da familia. Desde que me lembro, estiveste sempre distante, sempre ausente da minha vida, quando passava de ano, não estavas lá, quando tinha boas notas, não estavas lá, participaste poucas vezes nas minhas apresentações de ginastica, não foste nem uma vez comigo ao cinema, desde que tu e a mãe se separaram não me compraste nem uma boneca, deste-me umas sapatilhas quando fiz 8 anos, sapatilhas essas que não desgostei, mas eu cresço, e desde aí que não me dás nada, desculpa dizer, mas neste momento, vejo que tu só és o que és por nome, não fazes para mudar isso, tudo bem, sem ti eu não existia, mas isso não é tudo, existi, mas tenho que viver, e coisa que também é tua responsabilidade de fazer é ajudar na minha sobrevivencia, sinto que és uma pessoa fria. Dizes-me que eu me esqueço de ti, mas tu não fazes por mais, nem um telefonema, mensagens, só no natal, ano novo e aniversário, achas que isso basta por eu ser feliz e para me lembrar de ti?

Quantas são as pessoas que me mandam mensagens nessa altura, mas mesmo assim, essas pessoas superam-te. Este ano surpreendeste-me, pela negativa, mas surpreendeste-me, no natal, numa epoca tão calorosa, a tua friesa não foi embora, estavamos na noite de Natal e mandaste-me mensagem, e só tenho isto a dizer: para a próxima não mandes mensagem, senti-me mal pelo tamanho enorme da mensagem, lembras-te de tudo o que dizia? Eu lembro-me, dizia: "Bom natal." achas que isto é uma mensagem que um pai deve mandar a uma filha? A mim não me parece, pode ser estranho o que eu estou a dizer, mas eu sinto-me gozada quando falo sobre ti a alguem, sinto vergonha de ter um pai assim, não é normal um filho dizer isto, não é normal uma pessoa pensar assim, é preciso chegar aos extremos para pensar assim! A tua mensagem deixou-me mal, por muito que não o tenha demonstrado, por muito que tenha aprovado no gozo do que disseste, mas fiquei mal, aliás extremamente mal, não gosto nada de me sentir assim, às vezes preferia que nem me falasses, já viste as mentiras que por vezes inventas, achas isso bem? Achas que estás a tomar atitudes correctas? Não, não estás. Não digas às pessoas que eu não te falo porque sabes que isso é mentira, e se não te falo mais é porque fazes por isso, lembraste no verão? Combinamos ir à praia dia 11 de Agosto, não me esquecerei dessa data, pois esperei, telefonei, mandei mensagem e tu nada! Nem te limitaste a dizer que não podias! Não atendeste o telemovel, não me respondeste às mensagem e não me vieste buscar! Passei o dia arrasada por completo, esperei o dia todo, para que me dissesses alguma coisa, sabes quantos dias depois é que mandaste mensagem? 75 dias depois, achas pouco tempo? Eu achei uma eternidade, só mandaste mensagem para me desejares os parabéns e a dizer para eu não me esquecer de ti! Vê lá bem o que me dizes! Tu, sim tu! Tu és o unico que não me liga nenhuma, mas bem, eu respondi como se não estivesse magoada contigo, podia ser só uma ida à praia, mas era uma ida à praia contigo.

Há quanto tempo não te vejo? Há quanto tempo é que não estou contigo? Há meses! Faz daqui a dois meses e meio um ano que não estou contigo, achas isto normal? Nós que até não vivemos muito longe um do outro? Vivemos a cerca de 9 km de distancia, mas tu estás a acabar o teu curso cá, nesta cidade onde moro, vens cá quase todos os dias, e não tens tempo de me vir dizer um olá? Mas que raio de pai és tu? Só de nome? Para mim isso não conta, não estás presente, nem tentas estar e não me venhas deitar as culpas para cima, porque mais uma vez a culpa não é minha, é pura e simplesmente tua! Estou farta de ser um bonequinho nas tuas mãos, não sei se ter apercebeste, mas eu nasci com um coração e tenho sentimentos, nunca fui um nenuco por muito que me trates como tal, como um boneco que não ligas nenhuma de vez em quando, e só te lembras que ele existe quando alguém quer brincar com ele.

Mas olha, digo-te agora que cresci e sei como são as coisas, não me venhas com a desculpa de me estarem a por "macaquinhos" na cabeça, porque não estão, ninguem me diz nada, eu apercebo-me disto sozinha. Estou a chorar e bastante enquanto estou a escrever, estou a deitar lágrimas por quem não vejo as merecer. Com muitas poucas forças, eu ainda te digo um amo-te. Um amo-te sem fim, mas extremamente magoado contigo.


Sofia Travassos, 03 de Janeiro de 2010

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